Seguindo a ordenação do Governo Federal da sexta-feira (23), o combate aos incêndios no Pantanal do Mato Grosso foi retomado. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) voltou a atuar com uma menor quantidade de brigadistas.
Funcionários da Força Nacional e da Marinha, que estavam trabalhando na contenção das queimadas no bioma, voltaram as suas instalações no sábado (24). Entretanto, os incêndios ainda persistem.
Na última quarta-feira (21), sob o cenário de recordes de queimadas, o Ibama decretou que os combatentes dos incêndios florestais paralisassem os serviços. Segundo o instituto, a falta de recursos financeiros motivou a decisão.
R$ 19 milhões em pagamentos estão atrasados
Na última semana o Ibama decretou, por meio de um ofício, que a equipe de brigadistas suspendesse as atividades. O documento assinado por Ricardo Vianna Barreto, chefe do Prevfogo/Dipro, informa que a continuidade do serviço não foi possível pela indisponibilidade de recursos, e que já R$ 19 milhões de pagamentos estão atrasados.
Após conversa do vice-presidente, Hamilton Mourão, que é chefe do Conselho Nacional da Amazônia Legal, com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o Ministério da Economia liberou R$ 16 milhões até o mês de dezembro para a regularização de pagamentos. A retomada será feita com um menor número de profissionais.
O Pantanal sofre a pior seca desde 1973, como afirma a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM). Dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe) indicam que a quantidade de focos de incêndio deste ano é a maior desde o mesmo período em 2010.
Pesquisadores se mostram preocupados
Carolina Joana da Silva, doutora em Ecologia e pesquisadora da Universidade de Mato Grosso (Unemat), ressaltou que a redução de brigadistas é vista como preocupante no momento que o Pantanal apresenta 2.700 focos de incêndios nos 20 primeiros dias de outubro.
O dado representa um aumento de 400% em comparação a 2019, conforme o Inpe:
“A chuva continua abaixo da média histórica. A minha preocupação é que possa vir uma segunda onda de fogo e as estruturas estarem desmobilizadas. Não temos garantia de chuvas. Então desmobilizar, para mim, é falta de planejamento”, lamenta Carolina.
Desde que a série histórica do Inpe foi iniciada em 2002, o bioma pantaneiro já contabiliza a maior perda anual. Com mais 14% do bioma atingido em setembro, o Pantanal tem quase 33 mil km² queimados, o que equivale à área do Distrito Federal com a de Alagoas.