Nesta quarta-feira (30), o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) apresentou um novo relatório sobre a situação do povo indígena no Brasil. Foi analisado que as invasões em terras indígenas subiram e o principal fator é a exploração ilegal.
Os casos de violência contra indígenas subiram entre 2018 e 2019 e as invasões nas terras cresceram 135% na mesma época, de acordo com o novo relatório do Conselho Indigenista Missionário (CIMI).
A documentação foi derivada de uma apuração que foi feita com as entidades e associações dos povos em relação a situação dos indígenas no Brasil. Foram registrados 133 suicídios entre indígenas em 2019.
Práticas de tortura foram registradas com crianças
O Conselho destacou os registros de Mato Grosso do Sul, que é o estado com a segunda maior população indígena do Brasil, e líder no número de homicídios entre os povos no ano passado. Foram registrados quarenta assassinatos de integrantes e líderes de comunidades.
Em relatório, também foi destacado que em 2019 a comunidade indígena do Mato Grosso do Sul ainda foi alvo de constantes e violentos ataques, como práticas de tortura, inclusive com crianças. O caso do líder Paulo Paulino Guajajara, também entrou para os registros do Cimi.
“A enorme repercussão nacional e internacional do assassinato de Paulo Paulino Guajajara (…) expôs, mais uma vez, que a situação de tensão naquele estado atinge níveis alarmantes. Invadidos e saqueados há décadas, os territórios tradicionais do Maranhão refletem uma realidade que se espalha e se agrava em todo o país”
Coronavírus e invasão de terra indígenas
Além do aumento de casos de violência, o relatório também registrou índices de invasões de terra, como:
- Exploração ilegal de madeira/desmatamento – 89 registros;
- Garimpo e exploração mineral – 39 registros;
- Criação de fazendas agropecuárias – 37 registros;
- Incêndios – 31 registros;
- Pesca predatória – 31 registros.
Em um registro que não contabiliza os indígenas que moram em áreas urbanas, a Secretaria Saúde Indígena (Sesai), órgão que é vinculado ao Ministério da Saúde, adverte que 443 índios morreram em todo país até 17h da terça-feira (29).
Diferente do Sesai, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) registrou número diferentes, quase o dobro. Foram contabilizados 833 óbitos de índios por causa do vírus, com mais de 33 mil casos confirmados também até terça-feira.