Segundo a economista e pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Maria Andreia Lameiras, em 2020 a inflação dos mais pobres ficou bem mais alta do que o normal. Ela acredita que isso ocorreu por conta dos alimentos.
De acordo com o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, a inflação da classe operária chegou a 5,33% no acumulado de 12 meses até outubro. A inflação está tão alta que já começou a afetar alguns brasileiros.
Foi o caso da moradora do Guará I, Brasília-DF, que já foi afetada pela inflação dos produtos. Dona Anely, de 48 anos, fez um vídeo mostrando seu cardápio para o almoço, todo feito no fogão à lenha.
Preços podem subir em 2020 por conta da inflação
Antes da pandemia, Dona Anely, trabalhava em uma casa de família, como mensalista. No entanto, sem escola e creche, sem nenhum lugar que a trabalhadora pudesse pagar ao filho, a ex-doméstica teve que largar o emprego.
Com isso, Anely passou a cozinhar marmitas para fora, com o intuito de conseguir alguma renda, após perder seu emprego na pandemia. Segundo a cozinheira, a mesma ficou apavorada quando se viu sem dinheiro.
“Você está acostumada a receber todo mês seu salário, aí fica sem dinheiro […] Fiz um fogareiro e estou cozinhando no carvão, que é mais rápido e mais barato do que o gás” explicou Anely Rodrigues dos Santos em entrevista à BBC News.
Com o fogareiro a carvão, a cidadã do Distrito Federal consegue uma pequena renda e dribla a alta de preços do gás. A previsão para 2021, é que os preços que ainda estão sendo controlados, pesem no bolso do brasileiro.
Rodada de reajustes nas contas públicas
Na última quinta-feira (03), a Petrobras divulgou um reajuste de 5% do botijão de gás às distribuidoras. No ano, o combustível já acumula uma alta de 21,9% no atacado, acompanhando a alta da cotação internacional e a variação do dólar.
Além disso, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) anunciou que anteciparia para dezembro a reativação da bandeira vermelha nas contas de luz, gerando uma cobrança de R$6,24 para cada 100 KWh consumidos.
Antes disso, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) acordou que os reajustes dos planos de saúde seriam adiados em 2020, sendo aplicados em janeiro de 2021, de forma diluída, em 12 parcelas.