Segundo o economista Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o programa de suspensão de contratos e redução de trabalho na pandemia foi mais forte entre os pretos, pardos e indígenas, e isso poderá gerar um efeito rebote.
De acordo com o pesquisador, isso se intensifica por conta da pandemia do novo coronavírus que promoveu mudanças radicais no mercado de trabalho. Marcelo Neri ressalta que em 2021 a situação se agravará ainda mais.
Em pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelo Ministério da Economia, foi apontado que os pretos e pardos foram os mais prejudicados pela crise do mercado de trabalho em 2020.
Desemprego entre pretos e pardos avançou mais do que entre brancos
Segundo o pesquisador e também diretor da FGV Social, Marcelo Neri, a taxa de desemprego avançou muito mais entre pretos e pardos do que entre brancos. Por isso, eles foram os mais beneficiados no Programa de Preservação de Emprego e Renda.
O programa visa trabalhadores que foram suspendidos de seus cargos e ficaram desamparados, oferecendo à eles o Benefício Emergencial (Bem). As empresas que suspenderam o trabalho, foram obrigadas a garantir estabilidade aos trabalhadores até o final da suspensão dos contratos ou oferecer edução de carga horária.
De acordo com o diretor, é de se esperar que as demissões se elevem gradativamente. Marcelo prevê que as demissões irão aumentar a partir de 31 de dezembro, o prazo final do recebimento do Benefício Emergencial.
De acordo com os dados da Pnad-Covid, a FGV Social afirmou que pretos e pardos tiveram uma queda maior do número de horas trabalhadas em comparação aos brancos.
Os dados oficiais publicados pelo IBGE e pelo o Ministério da Economia apontam que pretos e pardos foram os mais afetados pela crise do mercado de trabalho de 2020.
O desemprego aumentou em todos os grupos raciais, mas com mais intensidades entre os pretos. Para o economista da FGV, os efeitos no mercado trabalhista devem ser de médio e longo prazo.
Escolaridade também foi mais afetada
A educação também foi vítima de efeitos estruturais, segundo Neri, e isso também causará efeito significantes no mercado de trabalho. Marcelo explicou que a escolaridade estava indo bem entre pretos e pardos, mas caiu com a pandemia. Os dados do IBGE mostraram que o EAD não foi eficiente para classe e segundo ele, a tendência da situação é piorar a longo prazo.
A questão dos estudantes brasileiros de baixa renda e trouxe à tona a dependência do ensino presencial até mesmo para comer. Pela dificuldade também de acesso à plataformas EAD, boa parte dos alunos e a maioria de escolas públicas, são excluídos das aulas por não ter computador ou internet em casa.