Fernando Carvalho, especialista em ictiologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), afirmou que os incêndios que já destruíram mais de 4 milhões de hectares do Pantanal podem interferir na qualidade da água dos rios do bioma.
Segundo o pesquisador, a quantidade de peixes deve ser diminuída no próximo ano. O estudo de Fernando explica que a reprodução entre dos animais aquáticos pantaneiros tem relação direta com áreas alagáveis, estas que foram atingidas pelo fogo. O Pantanal conta com cerca de 300 espécies de peixes.
Fernando ainda disse que a água deve ser prejudicada pelas queimadas, pois o oxigênio dissolvido (OD) foi diminuído. Com isso, alguns seres não conseguem sobreviver com a baixa do componente e acabam morrendo por hipóxia.
Cardumes pantaneiros devem diminuir
O intelectual argumentou que processos biológicos sofrem alterações por conta dos elementos aquáticos. As cinzas podem ser causadores deste desequilíbrio. Fernando salientou que existe uma grande fauna no Pantanal, que não se mostra apenas pela diversidade mas também pela abundância de cada espécie.
De forma prática, o pesquisador explicou que em épocas de seca, as áreas molhadas são esvaziadas. Assim, o fogo tomou conta destas regiões e conferiu a existência de cinzas no solo. Quando a água retornar, os rios terão maior turbidez e menos oxigênio dissolvido.
Já os prejuízos na reprodução de peixes como pintado, jaú, dourado e o pacu sobem aos rios para deixarem os seus filhotes desovarem. Entretanto, o processo necessita ser um área alagável e protegida. Contudo, as áreas foram queimadas, então o ambiente não será útil para a formação de larvas e peixes mais novos.
Alimentação de peixes será prejudicada
Além das espécies que necessitam do rio para reprodução, alguns peixes se alimentam com coisas do fundo do mar. Estes são os ximborés, saguirús, papaterras, curimbas e cascudos. O recorde de queimadas afetará a nutrição dos peixes dependentes, visto que estes encontrarão cinzas, que são tóxicas.
Fernando analisou como difícil poder apostar em uma normalização biológica. O especialista afirma que as interações mudarão, e terão que se apropriar de uma nova realidade, pois segundo ele, os ecossistemas possuem resiliência.