Após a morte da juíza progressista Ruth Bader Ginsburg, a Suprema Corte dos Estados Unidos recebeu uma nova nomeação indicada por Donald Trump, a também juíza Amy Coney Barret. Indicada a menos de dois meses para eleição presidencial do país, os trabalhos já devem iniciar.
Nesta terça-feira (27), Amy assume o posto no Tribunal da Justiça americana, e logo deve atuar em casos da eleição que o presidente quem a indicou, participará. Na próxima semana, o aumento do prazo para o recebimento das cédulas de votação da Carolina do Norte, Wisconsin e Pensilvânia deve ser decidido pela Suprema Corte.
Ainda, Amy poderá decidir se o promotor Cyrus R. Vance Jr. poderá visualizar as declarações de Imposto de Renda do republicano Trump. Este compromisso público que foi alvo de acusação recentemente pelo New York Times, que apurou que Trump não pagou em 10 anos anteriores aos de sua eleição em 2016.
Juíza indicada por Trump assume poucos dias antes da eleição
Em termos ideológicos, o tribunal conta com a maioria de juízes conservadores em detrimento aos progressistas, sendo 6 a 3.
Com isso, discussões sobre o futuro do Obamacare, políticas que aumentam o acesso aos planos de saúde, as decisões de imigração por Trump e a proibição da discriminação de casais homoafetivos, devem ser tratadas sob pressão.
A juíza é a primeira a ser instituída na Corte faltando oito dias para as eleições. O Senado a aprovou por 52 a 48 votos. Desse modo, a escolha para um juiz foi pela primeira vez não consentido pelos dois partidos.
Amy Barret tem 48 anos e se intitula originalista, termo dado a quem segue firme a Constituição. Cristã e seguidora do grupo People of Praise, a juíza já manifestou, em 2006, contra a decisão Roe x Wade, que historicamente reconhece o direito ao aborto em território estadunidense.
Jogos políticos disputam a Justiça estadunidense
Mesmo que os democratas assumam o cargo de chefes de Estado, ou ainda a Câmara dos Representantes e o Senado, o Judiciário do país está dominado por vieses ditos conservadores, assim como os republicanos se reafirmam.
Com o apoio do líder da maioria do Senado, e também republicano Mitch McConnell, Trump já nomeou 220 juízes federais e mais três para Suprema Corte. Já na gestão de Obama, McConnell bloqueou votações, de modo que deixasse liberadas para outro presidente, 103 vagas nos tribunais e mais uma para Suprema Corte.
Com o cenário predominantemente republicano, os democratas desejam aumentar as cadeiras da mais alta Corte jurídica. Joe Biden afirmou que deve discutir a reforma com uma comissão, caso seja eleito. A possível decisão deverá ser aprovada pelo Congresso.