Neste domingo (15), foi fechado o acordo Econômica Regional Abrangente (RCEP), o maior tratado de livre-comércio do mundo. O acordo cobre quase um terço da economia global e tem a China na liderança e estava em processo havia quase uma década.
O tratado que foi fechado em Hanói, no Vietnã e inclui a Associação de Nações do Sudeste Asiático com seus dez membros, além da China, Coreia do Sul, Austrália, Japão e a Nova Zelândia. A parceria será maior que a União Europeia e o Acordo Estados Unidos-México-Canadá.
Os membros do acordo totalizam em quase um terço da população mundial e 29% do Produto Interno Bruto (PIB) do mundo. A Índia também iria fazer parte, porém desistiu em 2019 pois temia que a redução de tarifas prejudicasse seus produtores.
Especialista explica se Brasil será afetado com o acordo RCEP
Bruno Hendler, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), ressalta que o acordo RCEP faz parte de uma disputa maior entre a China e os Estados Unidos, por processos de integração regional que vão além da redução de tarifas comerciais.
Em relação ao Brasil, o professor acredita que o impacto não deve ser tão significativo pois o mercado asiático já possui um acordo de livre-comércio com países concorrentes do agronegócio brasileiro.
De acordo com Hendler, o agronegócio no Brasil não será tão prejudicado pois o mesmo já vem sendo impactado há anos, por conta de seu contato privilegiado que o Sudeste Asiático possui ao mercado chinês.
O presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto Castro, acredita que o acordo vai gerar um impacto menor para a exportação de mercadorias brasileiras. Castro explica que o país tinha a preocupação com o acordo anterior, o TTP, acordo que os Estados Unidos participaria e teria muita vantagem.
O objetivo do acordo Econômico Regional Abrangente
O RCEP isentará qualquer tarifa de importação pelos próximos 20 anos. O acordo também abrange dispositivos sobre propriedade intelectual, serviços financeiros, serviços profissionais, comércio eletrônico e telecomunicações.
Muitos dos países que estão participando, já haviam fechados acordos de livre-comércio entre eles mesmos, mas com algumas limitações em comparação ao RCEP.
Até então, as companhias que necessitam de cadeias de suprimentos globais podiam sofrer com taxas de importação apesar de um acordo de livre-comércio, pois seus produtos foram fabricados com peças de outros países. Por exemplo, um produto que foi fabricado na Indonésia e possui peças produzidas na Austrália, estavam vulneráveis a receber taxas.
Por agora, com o acordo RCEP, os países participantes serão considerados da mesma forma, o que proporciona às companhias nos países do RCEP um encorajamento para realizar colaborações com fornecedores da nova aliança regional.