Pesquisa aponta que negros ganham 17% a menos que brancos da mesma origem social

Um estudo do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUCRS junto à Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (Rede ODSAL), afirmou que um profissional negro recebe 17% menos do que um branco. 

A porcentagem é aplicada mesmo que ambos tenham as mesmas origens sociais. A pesquisa foi publicada na revista científica Dados do Rio de Janeiro e também foi publicada no site de teses, o SciELO. 

Em outra pesquisa, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi apontado que brancos ganham 68% a mais do que os negros. O estudo da PUCRS também ressalta que as origens sociais geram impacto nos ganhos. 

Pesquisa aponta que negros ganham 17% a menos que brancos da mesma origem social
Fonte: (Reprodução/Internet)

Pesquisa aponta que negros possuem diferença salarial

O grupo de pesquisa da PUCRS utilizou como base os dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD) de 2014, projetando estimativas de renda para os profissionais pretos e brancos que tenham origens sociais semelhantes. Com isso, os indivíduos foram divididos em dois grupos.

O primeiro grupo são os cidadãos que vêm de uma família com o perfil branco, e o segundo grupo de famílias negras. Para estabelecer um padrão nessa divisão, os pesquisadores levaram em conta algumas características, como formação e ocupação dos pais, se houve migração no estado e outros.

Os cientistas aplicaram variáveis em cada grupo, com base em conhecimentos da realidade, para prever a renda de pessoas brancas e negras. A partir disso, a projeção desses dados gerou uma diferença de 17% no salário de um profissional negro.

Negros carregam o fado da discriminação social nas costas 

Segundo o coordenador da pesquisa, André Salata, se for colocado como exemplo dois indivíduos com a mesma origem social, de famílias com a mesma realidade, os negros vão estar em desvantagem somente pelo fato de serem negros. 

Salata também faz uma analogia com uma corrida, se o negro estiver em uma competição de 100 metros, é como se ele largasse mais atrás, por conta de sua origem social, carregando um enorme fardo, que é a discriminação racial

Na conclusão do pesquisador, a desigualdade racial é estrutural e não pode ser mudada rapidamente, já que está interligada à desigualdade social. Para ele, isso que explica a dificuldade de pessoas negras migrarem socialmente, mesmo que tenham realidades semelhantes aos brancos.